BONO ESPECIAL Nº 570 DE 19 DE AGOSTO DE 2008
ESTADO-MAIOR DA ARMADA
BRASÍLIA, DF.
Em 19 de agosto de 2008.
ORDEM DO DIA Nº 5/2008
Assunto: Mostra de Armamento da Corveta “BARROSO”.
Construir um navio de guerra é um desafio. A medida que as etapas desse desafio são ultrapassadas, são elas associadas a atos, com cerimônias específicas que marcam os pontos vencidos. O início da preparação do casco é marcado pelo posicionamento do principal elemento estrutural longitudinal, a quilha. Na antigüidade, os marinheiros, que viam o navio como uma criatura viva, chamavam a quilha de coração e, como sempre foram supersticiosos, cercavam sua construção de muitos cuidados especiais, para evitar a influência das “forças do mal”. O primeiro prego era fixado à quilha junto com uma ferradura, para dar sorte. Daí surgiu a primeira cerimônia, do ritual da construção, o batimento da quilha.
Reza, ainda, a tradição naval que, finalizado o casco, o navio é lançado à água em outra cerimônia, conhecida como “bota-fora”. Tal tradição foi herdada dos portugueses, que, já na época das colonizações, assim configuravam o lançamento de suas novas caravelas. Na ocasião, é batizado por uma madrinha e recebe seu nome oficial, sendo esse costume marcado com a quebra em seu costado de uma garrafa d’água, champagne ou espumante, no intuito de trazer sorte à vida do navio.
Continuando o ritual, o passo seguinte é o ato que hoje realizamos, a incorporação à Armada, ocasião em que a “alma” do navio começará a ser forjada e inspirar-se-á no profissionalismo, na seriedade, no amor e na dedicação de toda a tripulação. A forma como serão conduzidas, pela primeira tripulação, as fainas marinheiras, as atividades de rotina e situações de emergência, a partir deste dia, será o alento e o farol a orientar as futuras gerações que guarnecerão seus conveses.
Assim, dentro das tradições navais e em cumprimento ao disposto na Portaria nº 249 de 15 de agosto de 2008 do Comandante da Marinha, realizamos, nesta, data a Mostra de Armamento da Corveta “BARROSO”.
Quinto navio da Marinha do Brasil a receber o nome de BARROSO, nome este que presta uma homenagem ao Barão do Amazonas, Almirante Francisco Manoel Barroso da Silva, o qual, junto a foz do Riachuelo, na manhã de 11 de junho de 1865, confrontou-se com a força naval paraguaia, na histórica Batalha Naval do Riachuelo, onde a vitória brasileira muito dependeu de sua coragem e criatividade como Comandante. A última homenagem a ele prestada remonta aos idos de 1951, o Cruzador Ligeiro Barroso, ex-USS PHILADELPHIA adquirido à Marinha norte-americana, onde prestou valiosos serviços durante a Segunda Guerra Mundial, participando ativamente das operações no Mediterrâneo, tendo jamais recebido um tiro direto, apesar dos intensos ataques aéreos a que foi submetido.
Assume, na presente data, em decorrência do disposto na Portaria nº 249 de 15 de agosto de 2008 do Comandante da Marinha, o cargo de Comandante da Corveta “BARROSO”, o Capitão-de-Fragata LUIZ ROBERTO CAVALCANTI VALICENTE.
Ao incorporar à Armada a Corveta “BARROSO”, expresso ao seu Comandante, oficialidade e guarnição os melhores votos de felicidades, apurado espírito de equipe, amizade, união e total êxito na nobre e longa singradura que ora se inicia.
Corveta “BARROSO”, que o Senhor dos Mares os faça tranqüilos e aos ventos suaves.
JULIO SABOYA DE ARAUJO JORGE
Almirante-de-Esquadra
Chefe do Estado-Maior da Armada
BONO Especial Nº 570/2008.